sábado, 30 de julho de 2011

A vida...em suas diversas formas


Em razão do volume de trabalho e acúmulo de atribuições, eis os dias sem post no Blog.

Mas, considerando bem a vida em sociedade e diversidade de situações, não poderia deixar de registrar que, em meio às variadas situações que são trazidas à chamada Justiça e volume a que estou submetido nos últimos meses, hoje houve o retrato e símbolo de como está difícil o convívio humano...

Entre as diversas audiências realizadas perante a vara do Tribunal do Júri e narrativas de homicídios tentados e consumados, chamaram atenção a quantidade relacionada a crimes praticados entre membros da mesma família.

Uma delas: um irmão matou o outro em um churrasco de família. No local, além dos dois, estavam a genitora e outras duas irmãs, além de cunhados e crianças. Ambos a ingerir bebida alcoólica e armados. Brincadeiras, brincadeiras e...desentendimento, discussão. Um sacou a arma e outro também. Um atirou no chão e o outro mandou cinco tiros no irmão, que morreu antes da chegada do resgate. Hoje as testemunhas eram todas da família. A genitora, uma senhora de ‘cabeça branca’, ao ser indagada pelo juiz se queria acrescentar algo em seu depoimento, diz: “Que mundo é esse, doutor? Agora o que me resta é ajudar esse aqui, já que o outro não está mais entre nós...”

Outra audiência: Um senhor dos seus cinqüenta anos atirou no filho, o qual fora alvejado com cinco disparos e não morreu. O filho, vítima dos disparos, com um dos projéteis ainda alojado próximo ao pescoço, disse que não queria que o pai fosse processado. As testemunhas, inclusive o filho da vítima e neto do acusado, confirmaram que a vítima estava tomada pela droga e, como sempre fazia, tentava invadir a casa para matar o genitor. O genitor, que teve que mudar de cidade para fugir das investidas do filho ‘sempre drogado e querendo dinheiro para drogas’, após relato dos ‘anos de luta’, diz que “atirei várias vezes para fazê-lo descer da grade, já que ele ia matar a mim e a minha esposa... e pai nenhum quer matar o filho... mas não queria ver ele vindo e correndo o risco de matar a própria mãe!”

E, por fim, a audiência de uma carta precatória de outro Estado, em que um senhor de mais de setenta anos, acusado de ter matado a esposa e tentado se matar. As provas do processo: ele, idoso, já não estava a agüentar a cuidar sozinho da esposa. Ele, com dificuldades da idade e ela, com Alzheimer e total dependência para todos os atos de vida. No dia dos fatos, ela caiu e, em meio a seus próprios dejetos, ele tentava limpá-la e a levantá-la. Não conseguindo, ligou para um vizinho. Tendo sido ignorado e ao ver aquela cena, decidiu por fim a tudo. Pegou veneno de rato e, após ministrar para sua mulher e vê-la morrer, consumiu o veneno para sua morte. Um dos vizinhos, estranhando o desaparecimento, chama a polícia e encontram ambos. O idoso ainda apresentava sinais. Sobrevive após intervenção média. Atualmente, esse homem que disse adeus a essa forma desumana de viver e que está acamado e agora com Alzheimer, responde a um processo criminal de homicídio...

E nesse momento, com o aperto diário ante tanta energia negativa, devo retornar para as últimas observações do processo do júri de amanhã, onde um jovem, após oferecer droga para uma dependente, para que ela, em troca, mantivesse relações sexuais com ele, e, estando no local, tendo ela voltado atrás em seus propósitos, simplesmente esse jovem lhe deu um golpe no pescoço, desmaiando-a. Em seguida, com a vítima prostrada ao solo e a agonizar, passou a violentá-la. Ao final, ao observar que a vítima esboçava alguns ruídos, o jovem pegou um bloco de concreto de mais de quinze quilos e, de forma fria e abjeta, lançou em sua cabeça, levando-a a morte. Amanhã ambas as famílias estarão presentes no julgamento...

E assim.... abstraídos os horrores e a facetas mais perversas de até onde pode ir o ser humano, que cada segundo de vida, sentido com situações belas, pessoas agradáveis, gestos admiravelmente nobres, carinhos externados com sinceridade, respeitos externados por bondade, entre outras condutas humanas que nos lembrem que a existência vale a pena, que sejam realmente aproveitadas e apreciadas ao máximo.

Amanhã será outro dia... assim como fora dias de outrora, em que relatos históricos apontavam ter havido tragédias e barbáries... mas também felicidades, admirações e atos de amor.

Eis a vida... em suas diversas formas.

Fonte: Fernando M. Zaupa, blog "considerando bem...", de 27/07/11.

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